sexta-feira, 27 de maio de 2016

CENTENÁRIO do NASCIMENTO do DR. EGÍDIO AMORIM GUIMARÃES


Conheci pessoalmente o Dr. Egídio Guimarães na década de 60/70, aquando das escavações arqueológicas na Falperra e no Alto da Colina da Cividade, por ele promovidas, na qualidade de Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Braga. Nelas tive a satisfação de participar, juntamente com outros estudantes universitários, alguns dos quais estrangeiros, nas “ nossas férias de Verão”. Permitam-me, aliás, que recorde, aqui e agora, por dever de justiça e de gratidão, dois outros grandes apaixonados pela Arqueologia e excelentes animadores de “toda aquela malta”: o Cónego Arlindo Cunha, meu saudoso mestre dos tempos de seminário e na altura vice-presidente da extinta Junta Distrital de Braga, e o Prof. Rigaud de Sousa, igualmente um indefectível conselheiro de todas as horas, ambos formando, com o Dr. Egídio, uma tríade incomparável!De trato simples e afável, o Dr. Egídio cativava qualquer um, mesmo os mais jovens, de quem frequentemente se abeirava para dar “os bons conselhos…” . Alma íntegra e de conduta irrepreensível, sempre preservou, não só a dedicação à numerosa família de que era responsável, como a independência política quando, por exemplo, em 1979, por certo “devido ao seu valor e ao prestígio de que gozava na cidade”, foi sondado por uma força partidária para integrar uma das listas candidatas à Câmara Municipal de Braga, cargo que aceitou exclusivamente motivado pela nobre missão, que sempre defendeu, “de serviço e dedicação à causa pública”. Daí que “o seu afastamento do cargo da direcção da Biblioteca Pública e do Arquivo Distrital de Braga (de que foi o último director) seja dificilmente compreensível (…) e o tenha amachucado bastante, mas a sua maneira discreta e elegante de estar na vida impediu-o de se manifestar publicamente, continuando a exercer com grande dignidade as funções de responsável do Arquivo Distrital, tendo para tal sido nomeado pelo reitor da Universidade do Minho, Prof. Lúcio Craveiro da Silva, em 1982. – Henrique Barreto Nunes, in “Diário do Minho”, 02 de Julho, de 2014.Desde a primeira hora também ligado à ASPA, de que foi sócio nº 1, o Dr. Egídio foi, sem dúvida, uma das grandes figuras da história cultural de Braga nas décadas de 50/70, “podendo-se afirmar que nenhum dos grandes acontecimentos culturais desse período lhe passou ao lado, distinguindo-se pelo seu saber, pela sua nobreza de carácter e por ter sempre aberta a porta a todos quantos lhe pediam apoio.” (…) Relembre-se, a propósito, a frequente autorização para o “acesso ao Arquivo Distrital, assim permitindo a transcrição de documentos (que por ele, como qualificado paleógrafo que era, muitas vezes realizou) e diligenciando para que no Arquivo Municipal o mesmo acontecesse.” (…), “assim tornando possível o estudo de nomes como André Soares, Frei José Vilaça, Marcelino de Araújo, ou Agostinho Marques”, como o comprova Robert C. Smith, um dos maiores e profícuos estudiosos do Barroco Bracarense, quando dedicou “o seu livro Frei José de Santo António Vilaça: escultor beneditino do século XVIII, editado pela Fundação Gulbenkian em 1972, a Egídio Amorim Guimarães que me abriu os arquivos de Braga” – Henrique Barreto Nunes, in “Diário do Minho”, de 09 de Julho, de 2014.“… Monárquico, profundamente católico, naturalmente conservador mas tolerante, homem de princípios e convicções, na sua maneira discreta e elegante de estar na vida, Egídio Guimarães foi uma personalidade que deixou marcas impressivas na vida cultural bracarense da segunda metade do séc. XX.” – Henrique Barreto Nunes, in “Diário do Minho” cit.Para quando, afinal, uma verdadeira homenagem pública da cidade de Braga a este grande Senhor da Cultura Bracarense, já galardoado com a Comenda da Ordem de Mérito por Mário Soares e, postumamente, pela Câmara Municipal com a Medalha de Honra ao Mérito, a mais alta condecoração do Município?No centenário do seu nascimento, um busto condigno em local nobre da Biblioteca Pública/Arquivo Distrital de Braga poderia ser uma boa sugestão. Espero confiadamente!

Braga, Agosto de 2014 Domingos Alves. 

PS: Saliento, com visível agrado, os dois magníficos artigos de opinião sobre o Dr. Egídio Guimarães - cuja leitura vivamente recomendo - da autoria do seu grande amigo, Dr. Henrique Barreto Nunes, publicados no suplemento CULTURA do “Diário do Minho”, de 02 e 09 de Julho. Deles extraí algumas passagens para o breve e singelo testemunho, que agora apresento e desejo partilhar com os amáveis leitores do “Diário do Minho”.